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quarta-feira, 26 de agosto de 2015


Possibilidade de intervenção que o professor deve fazer para a criança que está no processo inicial da construção do conceito de número


Recentemente publicado na Revista Escola (edição de agosto de 2015) Constance Kamii, foi entrevistada a respeito de como o algoritmo pode confundir mais do que ajudar.

Constance teve oportunidade de trabalhar ao lado de Piaget até sua morte, o que trouxe mais profundidade em seu pensamento ao argumentar e conceber a matemática. Constance afirma que o conhecimento lógico – matemático não pode ser ensinado por educadores, pois isso é algo que não se ensina tradicionalmente, pois a fonte é a própria cabeça do aluno, sendo assim os professores precisam oferecer oportunidades para que as crianças pensem por si sós, raciocinem, aí construam esses saberes.

Pensando na fala de Constance e nas fases que Piaget descreve, acreditamos que o bom professor é aquele que deixa os alunos pensarem, refletirem, é aquele que impõe questionamentos e permite que o aluno pense, tente solucionar e em seguida faz com que o aluno argumente e/ou exemplifique suas estratégias, das quais o fez chegar a um determinado resultado. Para que isso aconteça cabe ao docente ser o motivador, o  encorajador,  ou seja, aquele que permite que o aluno tenha sua própria opinião e construa seu conhecimento.

Pensando nesta possibilidade de que, como educadores devemos ter para ensinar uma criança o que é matemática e como todo este processo acontece, não podemos omitir algumas etapas do desenvolvimento, pois ela nos dá embasamento para que possamos compreender como se dá a estruturação do pensamento da criança.  Isso acontece antes mesmo dela iniciar na educação infantil, pois a rotina do dia a dia permite que a criança já se depare com situações que há a necessidade de organizar, quantificar e enumerar, por isso a matemática está presente na arte, na música, em histórias, na forma como organiza-se o pensamento, nas brincadeiras e jogos infantis.

No que diz respeito ao processo de aprendizagem inicial, a criança irá aprender através das relações sociais e situações concretas. Para iniciarmos este processo da construção da matemática, segundo a teoria de Piaget este processo se dará na fase pré-operacional de 2 a 5 anos, que é uma fase quando as interações sociais estão mais evidentes e dará ao professor a possibilidade de mostrar uma imagem e a criança gravar/memorizar o que está vendo, sendo assim a criança ainda não irá quantificar. Numa próxima etapa que Piaget descreve como operacional concreta de 6 a 12 anos, a criança aprende através de situações concretas, ou seja, a criança aprende através de situações em que ela poderá manusear e sentir. Nesta fase é de fundamental importância que o professor seja criativo, mostrando as mais diversificadas maneiras lúdicas que há para se aprender matemática, transformando o pré-conceito em conceito, partindo de atividades que se baseiam na vida cotidiana de seus alunos. Um facilitador são os jogos pedagógicos, pois eles auxiliam tanto o professor quanto o aluno nas mais diferentes disciplinas. Segundo Moura (1992), o jogo pedagógico é um grande auxiliar não só no processo de construção do conceito de números, mas em qualquer processo de ensino aprendizagem. "O jogo pedagógico como aquele adotado intencionalmente de modo a permitir tanto o desenvolvimento de um conceito matemático novo como a aplicação de outro já dominado pela criança" (Moura, M.,1992 a: p.53)

De acordo com Moura, podemos dizer que através de jogos e brincadeiras vão se estruturando experiências que levarão à construção dos conceitos de tempo, espaço, distância e limites, orientando e ajudando os alunos na formação e construção do conceito de números. O professor assim, se torna o intermediário nesta aquisição, pois ele não terá o papel de ensinar o conceito e sim ajudará o aluno a construí-lo. Para isso, como educadores deveremos respeitar o tempo da criança oferecendo-lhe atividades de acordo com a faixa etária. Somente a partir das experiências que a criança tiver com as atividades é que ela poderá adquirir e abstrair características que as levem a formar determinados conceitos, ou seja, em tudo também deverá haver estimulo, pois a criança não estimulada e sem vínculos sociais, possivelmente não será capaz de fazer esta abstração. A matemática deverá ser ensinada e abstraída passo a passo e isso será adquirido gradativamente, por isso compete também ao professor permitir experiências que sejam capazes de fazer os alunos refletirem e perceberem o funcionamento e o efeito de ferramentas matemáticas na resolução de situações problemas.

Embora sejamos todos iguais, devemos intervir também levando em consideração as dificuldades e o histórico do aluno, buscando compreender sua peculiaridade e sua singularidade, por isso cada etapa será importante para que o aluno possa compreender todo o processo que o faz chegar ao conceito.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MOURA, M. O. O Jogo e a Construção do Conhecimento Matemático. O Jogo e a construção do Conhecimento na Pré-escola. Séries Ideias - FDE, São Paulo, v.10.

Revista Nova Escola, edição agosto de 2015.

Polato, A. O que ensinar em matemática. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/matematica/fundamentos/assim-turma-aprende-mesmo-panoramas-perspectivas-427209.shtml. Acesso em: 23 ago. 2015.



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