Possibilidade de
intervenção que o professor deve fazer para a criança que está no processo
inicial da construção do conceito de número
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Recentemente publicado na Revista Escola (edição de
agosto de 2015) Constance Kamii, foi entrevistada a respeito de como o
algoritmo pode confundir mais do que ajudar.
Constance teve oportunidade de trabalhar ao lado de
Piaget até sua morte, o que trouxe mais profundidade em seu pensamento ao
argumentar e conceber a matemática. Constance afirma que o conhecimento lógico –
matemático não pode ser ensinado por educadores, pois isso é algo que não se
ensina tradicionalmente, pois a fonte é a própria cabeça do aluno, sendo assim
os professores precisam oferecer oportunidades para que as crianças pensem por
si sós, raciocinem, aí construam esses saberes.
Pensando na fala de Constance e nas fases que Piaget
descreve, acreditamos que o bom professor é aquele que deixa os alunos
pensarem, refletirem, é aquele que impõe questionamentos e permite que o aluno
pense, tente solucionar e em seguida faz com que o aluno argumente e/ou
exemplifique suas estratégias, das quais o fez chegar a um determinado resultado. Para que isso aconteça cabe ao docente ser o motivador, o encorajador, ou seja, aquele que permite que o aluno tenha sua própria
opinião e construa seu conhecimento.
Pensando
nesta possibilidade de que, como educadores devemos ter para ensinar uma
criança o que é matemática e como todo este processo acontece, não podemos
omitir algumas etapas do desenvolvimento, pois ela nos dá embasamento para que
possamos compreender como se dá a estruturação do pensamento da criança. Isso acontece antes mesmo dela iniciar na
educação infantil, pois a rotina do dia a dia permite que a criança já se
depare com situações que há a necessidade de organizar, quantificar e enumerar,
por isso a matemática está presente na arte, na música, em histórias, na
forma como organiza-se o pensamento, nas brincadeiras e jogos infantis.
No que diz
respeito ao processo de aprendizagem inicial, a criança irá aprender através
das relações sociais e situações concretas. Para iniciarmos este processo da
construção da matemática, segundo a teoria de Piaget este processo se dará na
fase pré-operacional de 2 a 5 anos, que é uma fase quando as interações sociais
estão mais evidentes e dará ao professor a possibilidade de mostrar uma imagem
e a criança gravar/memorizar o que está vendo, sendo assim a criança ainda não
irá quantificar. Numa próxima etapa que Piaget descreve como operacional
concreta de 6 a 12 anos, a criança aprende através de situações concretas, ou
seja, a criança aprende através de situações em que ela poderá manusear e
sentir. Nesta fase é de fundamental importância que o professor seja criativo,
mostrando as mais diversificadas maneiras lúdicas que há para se aprender
matemática, transformando o pré-conceito em conceito, partindo de atividades
que se baseiam na vida cotidiana de seus alunos. Um facilitador são os jogos
pedagógicos, pois eles auxiliam tanto o professor quanto o aluno nas mais
diferentes disciplinas. Segundo Moura (1992), o jogo pedagógico é um grande
auxiliar não só no processo de construção do conceito de números, mas em
qualquer processo de ensino aprendizagem. "O jogo pedagógico como aquele adotado intencionalmente de modo a permitir tanto o desenvolvimento de um conceito matemático novo como a aplicação de outro já dominado pela criança" (Moura, M.,1992 a: p.53)
De acordo com Moura, podemos dizer que através de jogos e brincadeiras vão se
estruturando experiências que levarão à construção dos conceitos de tempo,
espaço, distância e limites, orientando e ajudando os alunos na formação e
construção do conceito de números. O professor assim, se torna o intermediário
nesta aquisição, pois ele não terá o papel de ensinar o conceito e sim ajudará
o aluno a construí-lo. Para isso, como educadores deveremos respeitar o tempo
da criança oferecendo-lhe atividades de acordo com a faixa etária. Somente a
partir das experiências que a criança tiver com as atividades é que ela poderá adquirir
e abstrair características que as levem a formar determinados conceitos, ou
seja, em tudo também deverá haver estimulo, pois a criança não estimulada e sem
vínculos sociais, possivelmente não será capaz de fazer esta abstração. A
matemática deverá ser ensinada e abstraída passo a passo e isso será adquirido
gradativamente, por isso compete também ao professor permitir experiências que
sejam capazes de fazer os alunos refletirem e perceberem o funcionamento e o
efeito de ferramentas matemáticas na resolução de situações problemas.
Embora
sejamos todos iguais, devemos intervir também levando em consideração as
dificuldades e o histórico do aluno, buscando compreender sua peculiaridade e
sua singularidade, por isso cada etapa será importante para que o aluno possa
compreender todo o processo que o faz chegar ao conceito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOURA,
M. O. O Jogo e a Construção do
Conhecimento Matemático. O Jogo e a construção do Conhecimento na Pré-escola.
Séries Ideias - FDE, São Paulo, v.10.
Revista Nova Escola, edição agosto de 2015.
Polato, A. O que ensinar em matemática. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/matematica/fundamentos/assim-turma-aprende-mesmo-panoramas-perspectivas-427209.shtml. Acesso em: 23 ago. 2015.
http://ejnsmatematica.blogspot.com.br/2012/09/possibilidade-de-intervencao-que-o.html. Acesso em 22 ago. 2015.
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